Shark: O Carro Esportivo Brasileiro que Ficou na Memória

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Ah, o Brasil e os carros! Sempre arrasando na criatividade automotiva, seja criando modelos únicos ou dando um jeitinho nos designs importados. Mas nem toda ideia brilhante brilha por muito tempo, e o Shark, esse esportivo fabricado pela Trivellato S.A., é um belo exemplo de como o sonho pode ser engolido por questões legais, problemas técnicos e a dura realidade do mercado. Vem cá, vamos dar um mergulho na história do Shark, o “tubarão” que não conseguiu nadar nas águas do setor automobilístico brasileiro.


O Sonho de Ter Um Esportivo Nacional

Créditos: Reprodução

No final da década de 60, o Shark estava na crista da onda! Com um corpo leve feito de plástico reforçado com fibra de vidro, ele estava mais que na moda. Além disso, apostava numa das mecânicas mais confiáveis da época — aquela legítima do Volkswagen com motor a ar. Esses motores, que variavam de 1.200 cm³ a 1.600 cm³, eram os mesmos que equipavam carros clássicos como o Karmann-Ghia, os fuscas e o famoso Puma GT. E o melhor, dava até pra usar a base do Karmann-Ghia para montar o Shark. Os fãs piraram!

O design? Ah, era de deixar qualquer um babando! Inspirado no icônico Ford GT-40, que era o sonho de consumo nas corridas de Le Mans. O Shark tinha algumas adaptações que o tornavam mais prático e acessível. Por exemplo, os capôs traseiro e dianteiro abriam com um toque para facilitar a manutenção, e a capota foi elevada para aumentar o conforto do motorista e do acompanhante. Chique, né?


Uma Conexão Polêmica com a Fiberfab

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Mas como toda boa história tem seu “porém”, o Shark tinha um defeitinho: sua origem. A verdade é que ele era uma cópia do Avenger GT, que vinha lá da gringa, mais precisamente da Fiberfab, uma empresa californiana que faz kits automotivos desde 1964. E não para por aí, a Fiberfab também fabricava outros modelos clássicos, como o Aztec 7 e o Jamaican IV.

A conexão entre o Shark e o Avenger GT não era só estética, era quase uma cópia perecida. O problema? A Trivellato S.A. não tinha, nadinha, de autorização da Fiberfab para produzir o Shark. Essa informação, que inicialmente passou batida, foi descoberta pela imprensa automotiva em 1970 e deixou todo mundo de queixo caído, colocando a reputação da fabricante à prova.


O Declínio do Tubarão

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Nos primeiros meses, o Shark até fez sucesso! Com um acabamento chique para a época — pintura metálica, bancos esportivos de courvin, painel completo com velocímetro que chegava a 200 km/h — ele foi altamente elogiado por revistas especializadas. Mas, como tudo na vida, a maré virou quando vazou a informação de que o Shark não era uma criação original. A manchete de uma revista disparou: “Shark: Um Brasileiro de Mentira?” E aí, meu amigo, a credibilidade do modelo e da Trivellato S.A. foi por água abaixo. A produção se encerrou em 1973, e dizem que só entre 30 e 40 unidades foram feitas.


O Impacto na Trivellato S.A.

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O escândalo do Shark foi um baque e tanto para a Trivellato S.A., que até então era a respeito por fabricar carrocerias para caminhões-tanque e reboques. Fundada por Ernesto Trivellato, a empresa estava já enfrentando alguns perrengues para manter sua competitividade nos anos 70. O fiasco do Shark só piorou ainda mais a situação financeira da companhia.

A Trivellato ainda tentou sobreviver por mais de uma década após o Shark, mas nunca conseguiu se recuperar. Em 1986, a empresa declarou falência, fechando as portas de vez. Apesar disso, muitos brasileiros ainda se lembram da marca pelas suas robustas carrocerias rodando pelo país e pela ousada tentativa de entrar no mundo dos esportivos.


Por que o Shark não Sobreviveu?

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Agora, o que realmente levou o Shark ao abismo? Vamos a um resumão:

  1. Falta de Originalidade: A cópia descarada do Avenger GT jogou a reputação do modelo na lama.
  2. Problemas Legais: Sem autorização da Fiberfab, a situação ficou insustentável e inviabilizou o projeto.
  3. Mercado Restrito: Naquele Brasil dos anos 70, carros esportivos eram uma coisa que poucos se atreviam a comprar.
  4. Preço Salgado: Embora fosse vendido como um kit, o Shark não era nada barato. Em valores de hoje, ele custaria entre R$ 120.000,00 e R$ 150.000,00, dependendo do modelo. Opa!

O Legado do Shark

Embora o Shark tenha nadado contra a corrente e não tenha alcançado o sucesso que todos esperavam, ele deixou uma herança interessante. O modelo é um lembrete dos desafios que as fabricantes nacionais enfrentam ao tentar competir com as grandes montadoras internacionais. E o melhor? Hoje, encontrar um Shark por aí é como achar uma joia rara, e modelos que sobrou se tornaram verdadeiros tesouros, super aprecidos pelos colecionadores.

Se você trombar com um Shark em um leilão ou em uma exposição de clássicos, saiba que está diante de um pedacinho da história automotiva do Brasil. Mesmo com todas as polêmicas, esse esportivo é um marco de ousadia e criatividade de uma época em que a indústria automobilística nacional estava fervilhando.


Conclusão

Créditos: Reprodução

Falar do Shark em 2025 é tipo uma viagem no tempo que nos lembra que nem tudo que brilha é ouro e que inovar de verdade sempre envolve autenticidade. O esportivo, que começou como uma esperança de sucesso, acabou sucumbindo a escolhas ruins e a pressão do mercado. Mas a história do Shark é também uma prova de que a paixão pela engenharia pode enfrentar grandes obstáculos, e que cada capítulo do passado ocupa seu lugar na memória automotiva.

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